Manter a qualidade de vida de uma população que está vivendo mais é um desafio. Um grande problema para este grupo é a perda de dentes, que traz prejuízos para a estética e a saúde. Hoje, cerca de 3 milhões de idosos brasileiros precisam de uma prótese dentária total e, para mudar isso de forma permanente, é preciso fortalecer a cultura da prevenção e tratamento precoce dos problemas que levam à perda dental, como a cárie. O que há de mais moderno nesta área será apresentada no maior congresso internacional de pesquisa em Cariologia, Orca 2012, que acontece em Cabo Frio (RJ) em junho. É a primeira vez que o evento ocorre na América Latina
O crescimento da população com 65 anos ou mais é evidente no Brasil. Segundo dados do IBGE, a participação relativa deste grupo era de 4,8% em 1991, passou para 5,9% em 2000 e chegou a 7,4% em 2010. E a estimativa é que em 2050 os idosos serão um contingente ligeiramente superior à faixa etária de zero a 14 anos.
Uma das principais preocupações neste cenário é com a manutenção da qualidade de vida. E nisso a saúde bucal é fundamental, já que a perda de dentes (ou edentulismo) é um problema agravado entre os idosos e traz importantes prejuízos para a saúde e o bem-estar, a estética, a mastigação e a fala. Segundo o Ministério da Saúde, 23% dos brasileiros entre 65 e 74 anos (cerca de 3 milhões de pessoas) necessitam de prótese total (dentadura completa) em pelo menos um maxilar e 15% necessitam dela nos dois maxilares.
Para a cirurgiã-dentista e pesquisadora Sonia Groisman, “apesar do edentulismo estar mais associado à fase adulta e se agravar na idosa, é errôneo considerá-lo um fenômeno biológico inerente à idade, sendo possível tratá-lo e, principalmente, evitá-lo”. Além disso, ela reforça que a perda dental é um problema impregnado de valores socioculturais importantes, estando associada à velhice, tristeza e abandono – o que não combina com um grupo que está vivendo mais tempo e mais ativamente.
Para mudar esta situação de forma permanente, não basta apenas tratar com próteses dentárias e implantes, é preciso fortalecer a cultura da prevenção e tratamento precoce dos vários problemas bucais anteriores que levam ao edentulismo.
Uma dessas principais causas é a doença cárie, que, se for prevenida, com medidas simples, desde os primeiros meses de vida do bebê, promove benefícios para a vida toda. “A prevenção bucal adequada de zero a três anos de idade mostra declínio de cárie de 69%”, diz Sonia.
Além disso, entre pessoas de todas as idades, a cárie pode ser diagnosticada precocemente com a ajuda de técnicas que ainda não são muito difundidas no Brasil, como os testes salivares e visualização com luz laser ou fluorescente. Este diagnóstico antecipado permite tratar o problema de forma menos invasiva, mais rápida, sem dor e também menor gasto.
Orca 2012 – Estas e outras novidades em conceitos, pesquisas e tecnologias em prevenção, diagnóstico, tratamento e causas da cárie serão apresentadas no 59º Congresso da European Organisation for Caries Research (Orca), que é o mais importante evento do mundo em pesquisa em Cariologia. Este ano o evento acontece pela primeira vez no Brasil e na América Latina, de 27 a 30 de junho em Cabo Frio (RJ).
O congresso é presidido pela cirurgiã-dentista e pesquisadora brasileira Sonia Groisman (foto), pós-graduada em Cariologia e Periodontia pela Universidade de Lund (Suécia) e professora associada da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FO/UFRJ).
O objetivo é apresentar o conhecimento das pesquisas clínicas científicas sobre o tema, para que o cirurgião-dentista possa utilizar na sua atuação diária em consultório, assim como subsidiar novas pesquisas. O congresso tem o apoio do Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro (CRO-RJ), da FO/UFRJ e das prefeituras de Cabo Frio e de Arraial do Cabo.
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