Cursos na área de saúde, como os de odontologia, têm se tornado referência para estudantes vindos de vários países
Bauru é uma cidade universitária, e sobre isso não restam dúvidas. Com uma infinidade de cursos, o município atrai pessoas de todo o País, que ocupam a cidade por vários anos e acabam ficando por aqui em muitas ocasiões para trabalhar e constituir família.
Mas não somente brasileiros se formam anualmente nas faculdades do município. Muitos estrangeiros, vindos de países diversos, se instalam aqui para estudar.
Estima-se que ao menos 290 deles estejam distribuídos pelas principais faculdades públicas e privadas de Bauru. Contudo, aproximadamente 250 deles estão concentrados em cursos de pós-graduação de odontologia.
A maior parte dos estrangeiros tem origem da América Latina e Central. O Centro de Pós Graduação em Odontologia (CPO/Uningá) de Bauru e a Universidade de São Paulo (USP) estão entre as instituições que mais recebem pessoas do Exterior em seus cursos de odontologia. Nessas entidades, predominam pessoas vindas da América Latina e Central como Peru, Chile, Venezuela, Equador, Bolívia, República Dominicana, entre outras localidades.
A Universidade Sagrado Coração (USC) também absorve estrangeiros nos cursos de pós-graduação em odontologia, que procuram a universidade por sua referência em pesquisa. Atualmente, há oito alunos do Exterior que frequentam cursos de stricto sensu (mestrado e doutorado). São pessoas vindas do Paraguai, Equador, Chile, Bolívia, Panamá e até de Portugal.
Chilenos
Em 2010, a universidade recebeu ainda 60 chilenos para um ‘Meeting de Implantologia’, organizado e realizado pela própria entidade. Também já recebeu a visita de 15 uruguaios da Universidade Católica do Uruguai para acerto de um convênio entre as universidades. Atualmente, a USC mantém convênios com universidades da Suécia e Estados Unidos, que viabiliza troca de conhecimentos e projeção internacional.
Além de odontologia, outros cursos na área de saúde também têm tido participação de pessoas de fora, porém em menor escala e de forma esporádica. O campus da Universidade Paulista (Unip) de Bauru já registrou casos de alguns africanos, em geral angolanos, geralmente distribuídos em cursos como biomedicina e farmácia. A direção da universidade alega que também já presenciou universitários de outros países em cursos da área de exatas, como engenharia e arquitetura.
Na Instituição Toledo de Ensino há casos isolados de alguns estrangeiros que frequentam as graduações de Direito e de Ciências Aeronáuticas, vindos de Portugal e Cabo Verde.
Referência
Segundo a coordenação dos cursos de pós-graduação em odontologia da USC, a maioria dos estrangeiros busca a universidade por conta própria devido à projeção internacional de pesquisa em odontologia da entidade.
Áreas de implantologia e estudo de células-tronco ganham destaque e são alvo de estudantes vindos de outras localidades, onde certas tecnologias e áreas de pesquisa ainda são fracas.
“No mestrado e doutorado, temos alunos de seis países frequentando na USC. A procura tem aumentado nos últimos anos e a universidade bauruense ganha com isso por ficar conhecida internacionalmente”, ressalta Leda Francischone, coordenadora geral dos cursos de mestrado e doutorado em odontologia da Universidade Sagrado Coração.
“A USC se tornou referência sim, pois nossos programas de mestrado e doutorado são reconhecidos pela Capes e apresentam um bom curso prático/teórico, além de professores renomados”, acrescenta.
Na USP
Os cursos oferecidos pela Fundação Bauruense de Estudos Odontológicos (Funbeo), vinculada à Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP) também têm ampla participação de alunos advindos de outros países. São 38 alunos da América Latina (principalmente do Peru e Equador) e América Central divididos em sete tipos de especialização, uma atualização e um aperfeiçoamento. A maioria deles está concentrada na especialização em Prótese Dentária.
Os cursos de scricto sensu (mestrado e doutorado) da FOB/USP também incluem estudantes que vieram de outros países. Atualmente, a faculdade contabiliza 19 alunos de origens diversas, a maioria vinda do Peru. Há ainda alguns de Moçambique e até da Índia.
O programa de pós-graduação em Ciências de Reabilitação do Centrinho/USP também abrange estrangeiros em seu quadro: dois da Bolívia, um do Peru e um do Equador, que estão matriculados na área de estudo de fissuras orofaciais e anomalias relacionadas.
José Roberto Pereira Lauris, presidente da Funbeo, alega que a fatia de estrangeiros da América Latina e Central representa 25% dos alunos da Fundação.
Na Unesp, Faac lidera
Apesar de não oferecer cursos na área de saúde, o campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp) somou 14 alunos no ano passado frequentando os cursos da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac), unidade do campus com o maior número de alunos estrangeiros.
Segundo a assessoria de imprensa da universidade, foram cinco alunos vindos do Japão, três da Espanha, três da Argentina, um Reino Unido, um do Equador e um do México.
A estimativa é que o campus todo tenha recebido em torno de 30 estrangeiros no ano passado, que ingressam na universidade através de programas de intercâmbio.
Ensino no Brasil se destaca na área de odontologia
A coordenadora Marinez Vitoreli afirma que 90% do corpo discente da pós-graduação em odontologia do CPO/Uningá são alunos vindos de outros países, como Venezuela, República Dominicana, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Chile Colômbia e Guatemala.
“Temos aproximadamente 180 alunos distribuídos em cinco cursos de especialização na área de odontologia, como dentística, ortodontia, prótese, implante e endodontia”, explica.
A boliviana Geraldine Vargas, de 25 anos, é uma dessas alunas estrangeiras que procurou por Bauru para se especializar na área de implante.
“Bauru é uma área vasta para odontologia. De toda a América Latina, o Brasil é um País que ganha destaque nessa área”, ressalta a estudante, que faz o curso de especialização em implante no CPO de Bauru.
“Faz aproximadamente um ano que vim para cá buscar essa qualificação e a experiência de vida é algo muito positivo. O curso atendeu minhas expectativas e era bem o que eu procurava”, conta a dentista formada na Universidad Mayor de San Andrés (UMSA), que fica na cidade de La Paz.
Aprender o português “na marra” foi uma das dificuldades iniciais que a boliviana precisou encarar. Ela, que mora sozinha, diz que se já aprendeu a “se virar” e afirma que já se sente “muito confortável” com a vida que leva em Bauru.
O mesmo relata o equatoriano Oscar Oswaldo Marcillo Toala, de 25 anos. Ele fez um curso de português para se adaptar à língua e diz que se sente bem-recebido em Bauru. “Faz um ano que estou aqui e pretendo ficar mais tempo. Os planos são cursar, além da especialização, mestrado e doutorado”, diz. “Aqui temos instituições de referência mundial, bastante comentadas lá fora”, comenta Oscar, que atualmente é aluno da pós-graduação em prótese do CPO de Bauru. “Em Bauru fiz amizade muito rápido. A população é muito atenciosa, prestativa”, enfatizou o equatoriano vindo da Universidade Católica Santiago de Guayaquil.
Tradição atrai estudantes
A coordenadora da pós-graduação do Centro de Pós Graduação em Odontologia de Bauru (CPO/Uningá), a professora mestre Marinez Vitoreli, realça que a tradição das instituições brasileiras de formação na área de odontologia ajudou a garantir ao País a “fama” lá fora.
“Bauru, por exemplo, ganhou nome e destaque lá fora por conta do trabalho das próprias instituições, já bastante tradicionais e reconhecidas”, frisou.
Para ela, receber alunos estrangeiros na unidade que coordena é algo muito enriquecedor. “A vinda de estrangeiros para estudar aqui nos enriquece institucionalmente”, afirma.
O diretor do CPO, Tiago Fernandes, concorda. “A troca cultural é muito positiva. A realização profissional da nossa parte é algo muito bom, pois convivemos com pessoas de várias nacionalidades”, indica.
Ele também sublinha que os cursos de implante, ortodontia e endodontia são fortemente procurados. “A maioria desses alunos de fora vem morar aqui especificamente para fazer a pós-graduação, que pode durar de um a três anos. A maioria volta para seus países de origem, mas já tivemos casos de pessoas que ficam aqui e até formaram família”, conta.
Fonte: Jornal da Cidade de Bauru
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