Estudo realizado pela USP mostra que a higiene oral completa pode retardar o surgimento de doenças bucais. Inclusão do CD entre os demais profissionais de saúde no processo da pesquisa foi fundamental para que alguns participantes do estudo deixassem o vício
Cláudio Pannuti, autor da pesquisa |
São Paulo, Antonio Júnior (texto e foto) - Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) com 52 fumantes da capital paulista comprova os malefícios causados pelo tabaco aos dentes. O fumo, por exemplo, pode aumentar em até sete vezes o risco de periodontite. O estudo foi divulgado pelo professor Claúdio Mendes Pannuti, da disciplina de Periodontia e autor da pesquisa, durante o Workshop de Higiene Bucal, promovido pela Johnson & Johnson, no Medical Innovation Institute, em São Paulo.
O estudo foi realizado em 2010 e publicado em 2011. Participaram da pesquisa, fumantes que queriam parar com o vício e que moram no entorno da USP. Os participantes receberam ao mesmo tempo tratamento não cirúrgico periodontal e tratamento para cessação do tabagismo. “A periodontite pode ter várias causas, entre elas, o diabetes, placa bacteriana, estresse, tabagismo e fatores socioeconômicos. Em fumantes, esse risco é sete vezes maior devido os produtos nocivos que existem no cigarro”, explicou Claúdio Pannuti. Ele acrescentou ainda que os fumantes possuem risco de perda dentária 4,2 a 4,6 vezes maior do que os não fumantes. “Quem fuma também apresenta mais halitose, manchas dentais e têm mais chance de desenvolver câncer de boca”, disse.
De acordo com o professor, a inclusão do cirurgião-dentista no rol de profissionais de saúde – entre psicólogos, médicos, enfermeiros, entre outros – que acompanharam os participantes, foi importante para que alguns deixassem de fumar. “O primeiro impacto são os dentes manchados. As pessoas valorizam um sorriso bonito e saudável. Estudos comprovam que 49% dos pacientes desejariam receber ajuda para parar de fumar, juntamente com o tratamento dentário, por isso cabe aos profissionais esclarecem dúvidas e orientá-los quanto aos danos causados pelo tabaco na saúde oral. Por isso, o papel do cirurgião-dentista é fundamental, pois muitos pacientes têm respeito pelo profissional, além de potencial para motivar, aconselhar, receitar. Isso sem falar que o paciente visita mais o CD do que o médico”. Após um ano de pesquisa, somente 17 participantes pararam de fumar, e apenas estes apresentaram melhora significativa na gengiva, comprovando que os riscos das doenças bucais diminuem quando não há o uso do tabaco.
Prevenção
O cuidado com a higiene bucal se faz necessário para todos, mas os fumantes devem se cuidar ainda mais. A pesquisa, além de comprovar a associação do tabagismo às doenças orais, também ressalta os benefícios que uma limpeza bucal completa proporciona para os pacientes fumantes. “A prevenção é a maneira menos dolorida e mais econômica de cuidar da boca. A higiene poupa uma série de doenças e cabe aos fumantes manter diariamente sua boca saudável por meio dos três passos básicos: a escovação, o uso do fio dental e também do enxaguatório”, afirmou.
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