PIERCINGS ORAIS
Os piercings orais fazem parte do cotidiano do dentista, porém de maneira pouco freqüente. Embora seja mais relacionada à adolescência, esta prática vem desde a antiguidade. Contudo, esta prática pode gerar danos graves, tanto à saúde bucal quanto à geral. Iremos debater neste blog os riscos da colocação de determinados tipos de piercings, que por sua vez, podem ser maléficos.
1 – Piercing oral x Anatomia oral
Na busca pela novidade e no diferente, a prática de colocação piercing oral vem aumentando no decorrer dos anos. Com o aumento da freqüência da colocação, aumentam-se também os riscos desta prática. A cavidade oral, bem como os tecidos orais adjacentes, apresenta estruturas importantes para a vitalidade do tecido. Tecidos, vasos e nervos são encontrados nestas regiões, bem como em todas as partes do corpo. A intervenção cirúrgica nestas áreas, sem o conhecimento da anatomia bem como biossegurança pode comprometer a saúde do indivíduo.
2 - Tipos de piercings orais
Os piercings orais podem ser colocados em tecidos duros ou moles.
A - Tecidos duros: dentre as modalidades, a única que é realizada pelo dentista e que apresenta total segurança, não somente por ser realizada por um profissional capacitado e conhecedor das estruturas orais, mas sim porque não há necessidade de intervenção cirúrgica para sua colocação.
Este tipo de piercing é “colado” na superfície dentária, por motivos exclusivamente estéticos. Pode ser utilizado em qualquer indivíduo, porém a procura é mais comum em adolescentes e adultos jovens. Embora o piercing seja fixado com um agente adesivo, o tempo de fixação varia muito, durando geralmente poucos meses. A técnica é relativamente simples, rápida e segura. O custo também é baixo, quando comparado a outros tratamentos estéticos, como o clareamento dental.
B - Tecidos moles
Bem diferente da situação acima, estes tipos de piercings são colocados mais comumente nas bochechas, línguas e lábios. Não são realizados por profissionais que conhecem a anatomia humana e, algumas vezes, podemos encontrar pouca ou nenhuma biossegurança no local de trabalho.
3 - Piercing oral x saúde geral
Em decorrência da ausência de conhecimento do corpo humano, no que diz respeito às estruturas nobres, e na possibilidade de falha na biossegurança do local (ambiente limpo, aparelhos de esterilização, profissionais capacitados, etc.), a possibilidade de problemas nas regiões onde os objetos foram colocados é consideravelmente grande. Os problemas que podem ser ocasionados são:
Infecção no local: pela ausência de biossegurança, tanto do ambiente como do material utilizado no processo. Além disso, a ferida aberta propicia o desenvolvimento de infecções;
Lesões nervosas: O desconhecimento das estruturas orais pode ocasionar lesões inerentes à colocação, podendo ser temporárias (semanas ou meses) ou permanentes. Dificuldades de gustação, fonação e movimentação podem ser encontradas;
Contágios de doenças: como hepatites;
Inflamação no local: Como são regiões que vivem em constante movimento e apresentam uma certa dificuldade de higienização, além dos motivos acima, pode ocorrer quadro inflamatório no local;
Sangramento abundante: Por ausência de uma técnica de sutura no local, vascularização excessiva na área e por movimentação constante e involuntária (língua);
Cicatrizes: Nos casos de piercings na face, como geralmente não há sutura no local, a cicatrização ocorre de maneira mais lenta (de dentro para fora) e a não aproximação das bordas da ferida proporcionam cicatrizes mais marcantes;
Ingestão dos piercing: Embora ocorra com menos freqüência, há casos de ingestão de piercings mal colocados;
Endocardite bacteriana: há chance que, bactérias existentes na cavidade bucal penetrem na ferida aberta, alcançando a circulação e comprometendo as válvulas cardíacas. Tal quadro pode levar o indivíduo à morte;
Fraturas dentais: Traumas dentais podem ser causados por piercings grandes;
Interferências na mastigação, fala e deglutição;
Doenças relacionadas a traumas contínuos: quanto maior a vida do piercing, maior será a chance do aparecimento de inflamações, infecções e até mesmo de câncer, pois temos um caso de um trauma de baixa intensidade e contínuo, sendo um possível responsável pelo aparecimento do câncer bucal;
Deixo claro aqui que esta condição não necessariamente o uso do piercing causará câncer. Outros fatores estão relacionados com o aparecimento;
Hipersensibilidade ao metal.
4 – Quando procurar um dentista
Acredito que a maioria esmagadora dos dentistas sejam contra à colocação dos piercings orais. Caso você queira colocar mesmo assim, alguns cuidados devem ser observados. Procure saber informações sobre o local onde irá colocar. Se o estabelecimento apresenta condições de atendimento, se tem boas indicações, se apresenta liberação da vigilância sanitária, etc. Tudo isso influenciará no resultado final. E, após a colocação, notar que o sangramento não cessa, que há inflamação e infecção persistente no local, febre e dor contínua, procure um profissional dentista.
Dr. Wilson Correia Júnior
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